quarta-feira, 30 de maio de 2012

A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

Filme: Mãos e Cérebros Negros


O último Cine teve como objeto de discussão o documentário Mãos e cérebros negros, (Dir. Daniel Caetano) no qual, historiadores trazem à baila a colaboração do negro na vida econômica do país. A obra mostra a participação dos negros na arte, na decoração de igrejas, na confecção de peças de ferro e bronze, na lavoura, nos serviços domésticos e no comércio.

O documentário se caracteriza por mostrar informações que são desconhecidas pela maioria das pessoas, como as intervenções da Igreja, a pedido dos senhores de escravos, para conter as revoltas e fugas. Uma destas situações fica clara no sermão do padre Antônio Vieira, em que ele chama os escravos à submissão seguindo o exemplo do Cristo e compara o sofrimento a que são submetidos os negros ao calvário ou sujeição do chamado filho de Deus. O sermão do padre, baseado em sua religião e sua lógica em relação ao sofrimento, em uma de suas orações diz: “Não ha trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido á Cruz e Paixão de Cristo, que o vosso em um d’estes engenhos”; tentando mostrar que a escravidão, para os escravos, deveria se de resignação, ao que parece, sua crença de purificação através da submissão e resignação frente a seu destino;
Apesar de Vieira ser considerado por historiadores como abolicionista, em várias ocasiões demonstra ser contra o tráfico de escravos, sua função religiosa às vezes colocava seus discursos em contradição com suas ideias de abolição, “Bem-aventurados vós se soubéreis conhecer a fortuna do vosso estado, e com a conformidade e imitação de tão alta e divina semelhança aproveitar e santificar o trabalho!”.

O documentário Mãos e cérebros negros ressalta a força negra como pilar da economia brasileira, Mão de obra presente em todos os setores produtivos da economia brasileira. Nas lavouras, nos serviços domésticos e urbanos, na mineração e no comércio.  O reconhecimento da mão de obra negra no processo civilizatório no Brasil, no entanto, não é efetivado. Ao instalar-se o capitalismo a força negra é suplantada por outras e em nenhum momento há um esforço de inclusão de sua força produtiva no sistema assalariado.

Podemos distinguir o trabalho escravo em três tipologias: o produtivo – trabalha nas lavouras e minas; o doméstico - trabalhava na casa dos senhores, eram cozinheiros, amas, lavadeiras, costureiras, e mucamas; e o urbano – escravos de ganho e de aluguel - os de ganho iam pelas ruas prestando serviços ocasionais e no final do dia prestavam conta ao senhor de uma quantia fixada. Nesse caso o senhor não tinha nenhuma obrigação às necessidades do escravo, pois se considerava que ele dispunha de maior liberdade e tempo para prover-se. Os de aluguel realizavam alguma atividade com propriedade e eram alugados por seu senhor a terceiros – sapateiros, carpinteiros, cozinheiros, pintores, arquitetos e outros.

O foco do debate do documentário veio no sentido de olhar para as questões relacionadas aos escravos que se sobressaiam como artistas, tendo uma vida diferenciada dos que estavam em campo e outros que demonstravam grande qualificação nos seus ofícios. Também foi debatida a relação entre o mérito da qualificação e o mérito religioso usado na manipulação dos negros para que a submissão fosse vista como mais amena.
Ailton Amaral





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