A CONTRIBUIÇÃO DO NEGRO PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
Filme:
Mãos e Cérebros Negros
O último
Cine teve como objeto de discussão o documentário Mãos e cérebros negros, (Dir. Daniel Caetano) no qual, historiadores
trazem à baila a colaboração do negro na vida econômica do país. A obra mostra
a participação dos negros na arte, na decoração de igrejas, na confecção de
peças de ferro e bronze, na lavoura, nos serviços domésticos e no comércio.
O documentário
se caracteriza por mostrar informações que são desconhecidas pela maioria das pessoas, como
as intervenções da Igreja, a pedido dos senhores de escravos, para conter as
revoltas e fugas. Uma destas situações fica clara no sermão do padre Antônio
Vieira, em que ele chama os escravos à submissão seguindo o exemplo do Cristo e
compara o sofrimento a que são submetidos os negros ao calvário ou sujeição do
chamado filho de Deus. O sermão do padre, baseado em sua religião e sua lógica
em relação ao sofrimento, em uma de suas orações diz: “Não ha trabalho, nem gênero
de vida no mundo mais parecido á Cruz e Paixão de Cristo, que o vosso em um
d’estes engenhos”; tentando mostrar que a escravidão, para os escravos, deveria
se de resignação, ao que parece, sua crença de purificação através da submissão
e resignação frente a seu destino;
Apesar de
Vieira ser considerado por historiadores como abolicionista, em várias ocasiões
demonstra ser contra o tráfico de escravos, sua função religiosa às vezes
colocava seus discursos em contradição com suas ideias de abolição, “Bem-aventurados
vós se soubéreis conhecer a fortuna do vosso estado, e com a conformidade e
imitação de tão alta e divina semelhança aproveitar e santificar o trabalho!”.
O
documentário Mãos e cérebros negros
ressalta a força negra como pilar da economia brasileira, Mão de obra presente
em todos os setores produtivos da economia brasileira. Nas lavouras, nos
serviços domésticos e urbanos, na mineração e no comércio. O reconhecimento da mão de obra negra no
processo civilizatório no Brasil, no entanto, não é efetivado. Ao instalar-se o
capitalismo a força negra é suplantada por outras e em nenhum momento há um
esforço de inclusão de sua força produtiva no sistema assalariado.
Podemos
distinguir o trabalho escravo em três tipologias: o produtivo – trabalha
nas lavouras e minas; o doméstico - trabalhava
na casa dos senhores, eram cozinheiros, amas, lavadeiras, costureiras, e
mucamas; e o urbano – escravos de ganho e de aluguel - os de ganho iam pelas
ruas prestando serviços ocasionais e no final do dia prestavam conta ao senhor
de uma quantia fixada. Nesse caso o senhor não tinha nenhuma obrigação às
necessidades do escravo, pois se considerava que ele dispunha de maior
liberdade e tempo para prover-se. Os de aluguel realizavam alguma atividade com
propriedade e eram alugados por seu senhor a terceiros – sapateiros,
carpinteiros, cozinheiros, pintores, arquitetos e outros.
O foco do
debate do documentário veio no sentido de olhar para as questões relacionadas
aos escravos que se sobressaiam como artistas, tendo uma vida diferenciada dos
que estavam em campo e outros que demonstravam grande qualificação nos seus
ofícios. Também foi debatida a relação entre o mérito da qualificação e o
mérito religioso usado na manipulação dos negros para que a submissão fosse
vista como mais amena.
Ailton Amaral
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